Matéria enviada por um empresário que teve sua História Corporativa publicada na edição comemorativa do 35º aniversário da Revista EXAME na seção "Carreira e Você" assinada pelo presidente da TMP Worldwide - Sr. Simon Franco e intitulada
O MARKETING DA ÉTICA
SIMON FRANCO: Responsabilidade Social, Governança Corporativa e Códigos de Ética são assuntos que estão se tornando cada vez mais comuns nos ambientes empresariais. Mas eles estão se tornando comuns só no discurso das empresas. Existe um caixa-preta chamada "corrupção empresarial" sobre a qual temos poucas informações. A imprensa e a opinião pública demonstram muito interesse quando o tema é a corrupção na esfera pública. A mesma dedicação não existe no caso das relações privadas. Dessa forma, uma empresa pode construir um marketing de responsabilidade mantendo debaixo do tapete eventuais transgressões.
Isso pode fazer com que temas importantíssimos se transformem em "slogans marketeiros". Parece ter sido o que ocorreu em relação à sua demissão. Não deixa de ser positivo que a empresa tenha demitido pessoas envolvidas nos fatos que você apurou. Mas uma dúvida vai permanecer: até onde chegavam os ramos do esquema de corrupção que você ajudou a identificar?
Eis uma questão dificílima de ser enfrentada atualmente no mundo empresarial: o que fazer quando os canais internos da empresa punem os profissionais que denunciam desvios? Talvez o caminho seja mesmo recorrer à Justiça. No seu caso, acredito que está claramente configurada uma demissão injusta que merece ser levada a um tribunal, em busca de reparação e de indenização.
Note que isso não será apenas uma questão pessoal. Ao levar o problema à Justiça, além de lutar por seus direitos, você vai expor publicamente aquilo que a empresa tentou esconder demitindo você. A companhia acabará identificada publicamente como "marqueteira da ética". Esse tipo de ação é importante por servir de exemplo e ajudar a mostrar que a Ética não pode ficar restrita ao discurso corporativo. Mas há consequências jurídicas e, talvez, penais.
O difícil é avaliar o impacto de uma ação como essa sobre sua vida profissional e pessoal. A luta pode ser um tanto idealista, pois nada garante que a "caixa-preta da corrupção empresarial" não faça de você um profissional vetado no mercado. É um risco. É claro que existem milhares de empresas que atuam com responsabilidade. E ainda não sabemos qual será o impacto da transparência sobre o mundo empresarial. Se casos como o seu começarem a chegar à Justiça, é possível que a transparência também chegue mais rapidamente a todas as empresas.
A referida empresa acabou sendo adquirida em 2004 por uma das estatais brasileiras e, evidentemente, embarcou de volta para seu país de origem (Is 47).
4 comentários:
Infelizmente está é uma realidade presente em muitas das empresas brasileiras e acredito q estamos correndo um risco muito grande com esta grande safrea de abertura de capital, pois quem dessas empresas pratica a ética empresarial? A sustentabilidade? E a Governança Corporativa, pois esta é muito mais do que assinar um contrato com a Bovespa e entrar no Novo Mercado.
Por mais lamentável que pareça, as empresas hoje vem agindo e forma contrária ética e nada se tem feito para reestruturar ou modificar conceitos. Precisamos exigir mais, e fazer com que organizações que praticam atitudes antiéticas assumam seus erros e reformule suas estratégias.
Paulo Oliveira - Acadêmico Anhanguera de Anápolis
A compensação de uma postura ética não pode ser mensurada em valores monetários, pois muitas vezes o preço é injusto. Não ser conivente com mentiras, desonestidade e injustiça dentro da própria organização pode acarretar em resultados "ingratos" ou inesperados. Porém, a decisão da ética deliberada pode ser reconhecida por terceiros e devidamente valorizada no momento certo.
Gisele Santos - Acadêmica da Faculdade Anhanguera de Anápolis
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